segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Como Entender Jack Kerouac?

Jean Louis Lebris de Kerouac viveu 47 anos. Morreu em 1969, depois de escrever 23 livros. Apesar de católico fervoroso, educado em colégio jesuíta, tímido e introspectivo, generoso e angelical, até os seis anos só falava o 'joual', um dialeto franco-canadense. Entre 9 e 27 de abril de 1951, escreveu a primeira versão de um livro famoso: 'On the road', conhecido também por 'Pé na Estrada'. Publicado seis anos depois, o livro se tornou um mito, a 'Bíblia da Geração Beat'. Jack tentou inúmeras vezes explicar o termo beat. Dava voltas e voltas para a irritação dos jornalistas, críticos e entrevistadores. A dificuldade de explicar o que era beat esbarrava em duas circunstâncias: Jack era francês e adorava as vogais - numa terra repleta de consoantes; seu beat, por outro lado, tinha correlações com o ritmo musical, o sentido de uma batida ou golpe, uma exaustação de fundo de poço, uma excitação de batidas de coração, cadência de verso, trajeto, trilha, furo jornalístico, pilantragem e até mesmo o 'beat the way', o 'botar o pé na estrada', muito usado por outro Jack, o London.

Disse certa vez que não conhecia nenhum hippie; dizia que era um católico místico e louco, flertava com o zen budismo e os peregrinos religiosos, como São João da Cruz e Santa Teresa. Bob Dylan decidiu fugir de casa após a leitura de 'On the road' - e como o filho, Jakob Dylan, posou ao lado do túmulo de Jack, num espaço de vinte anos. Nas crônicas de Dylan, há a confissão de que também nada tinha a ver com o movimento hippie. Quando se refugiou em seu rancho, Dylan tinha vontade de atirar naquele bando de cabeludos folgados que peregrinavam até sua casa. Tanto Dylan como Kerouac atingiram o reconhecimento após uma crítica do NY Times. Já a revista Time, acusou o livro de Kerouac de incitar a explosão de vadiagem em violência de jovens, que, de uma hora para outra, em todos os cantos dos EUA, agrupavam-se em bares, em torno de jukeboxes, pilantragem e drogas, para fazer arruaças nas madrugadas.

Para entender Kerouac e os beats é preciso estar atento à 'beatitude', ou seja, a atitude de um beato frente à vida. Sua veia literária não é nova, pois segue uma visão do divino na natureza e na saga dos homens em busca da terra prometida. No caso americano, de Nova Iorque para São Francisco e Los Angeles, através de uma linha vermelha conhecida por Rota 6 - que se une à Rota 66 e pode se transformar, simbolicamente, na 'Rota 666'. Foi o que aconteceu com Jack: seguindo a rota do sol poente, influenciado por Walt Whitman, Thomas Wolfe e William Saroyan (enquanto a América ainda estava sob a influência do ritmo seco e telegráfico de Ernest Hemingway), Kerouac terminou seus dias vivendo na casa da mãe, bêbado, cada vez mais reacionário, barrigudo, afastado de seus companheiros e odiando cada cabeludo americano dos anos 60. Abandonou o roteiro em seus livros e passou - graças aos seus experimentos anteriores com maconha, mescalina, peiote e LSD - a escrever quase automaticamente, com fluxos de consciência, mesclados às descrições detalhistas de paisagens da América suburbana. Chegou a votar em Richard Nixon e romper com seus ex-companheiros beats, tratando-os por 'comunistas'. No fim da vida passou horas, anos, na frente da tv, assistindo programas de auditório. Se há um caráter universal em sua obra, este só pode ser a busca do 'Leste da minha juventude para o Oeste do meu futuro'. Mais ou menos como a humanidade fez com o Oriente ancestral para o jovem e transgressor Ocidente. Como fizeram os pioneiros americanos da Rota 6, com carroções e esperanças. Jack com um Cadillac roubado ou no dedão da carona. A história do livro 'On the road' no Brasil, até 1984, consistia numa edição portuguesa onde se podia encontrar frases como: 'Fui-me de boléia ao Orégão num carro descapotável'. Depois de 1984, o tradutor Eduardo Bueno (o 'Peninha', que atualmente faz a história do Brasil no Fantástico), explicou que alguém pode ir de carona num conversível - mas não propriamente no Oregon, porque lá chove muito. Naquele ano, 1984, 'On the road' ficou 22 semanas na lista dos mais vendidos. Não exatamente em primeiro lugar, porque Umberto Eco lançara 'O Nome da Rosa', no mesmo ano. Ao todo, 'Pé na estrada' (um título anexo, exigido pela Editora), vendeu 100 mil exemplares no Brasil. Antes tarde que nunca: as tortas de maçã 'estavam ficando cada vez melhores, à medida que eu avançava', disse Kerouac, no meio de tudo.

Professor Acima de suspeitas

“Não dá para aceitar que professores arrogantemente coloquem apenas no aluno responsabilidade pelo fracasso escolar” Mario Sergio Cortella

Existem grandes e sérios problemas na educação no nosso país, no campo público ou privado. De quem é a culpa? Não é incomum encontrarmos gente entre nós que diz tranqüilamente: dos alunos. Justificamos, com freqüência, as nossas eventuais incompetências acusando os alunos. Aliás, no nosso país ainda são usuais muitos atribuírem a responsabilidade do fracasso escolar ao aluno. Seria a mesma coisa que na área hospitalar atribuir o fracasso aos pacientes. Já viu quando, ao sair de alguma turma, um professor entra na nossa sala e diz assim: "Aquela turma lá, dos 40 alunos, 20 vão ficar, para eles verem o que é bom." Já imaginou que loucura alguém que avalia a qualidade do que faz pelo fracasso que obtém? Já imaginou isso na sala de descanso dos médicos em um hospital qualquer, eles conversando "aqueles pacientes lá da UTI, dos 20, 10 vão morrer, eles vão ver o que é bom"?Quantas vezes algum colega nosso vira e diz que "os alunos de hoje não são mais os mesmos"? Aliás, trata-se de uma informação absolutamente óbvia – alguém que diz uma coisa dessas está demonstrando pelo menos um mínimo de sanidade.

Distúrbio de fato é alguém que diz isso e continua dando aula do mesmo jeito que dava há dez anos, ou há 20 anos, porque se o professor sabe que os alunos não são os mesmos como é que continua fazendo do mesmo jeito? Vez ou outra obscurece as nossas dificuldades, até fingindo uma competência exemplar, mas há muita fragilidade a corrigir. A questão é que nem sempre isso vem à tona, pois a nossa atividade avalia muito, mas é pouco avaliada; nossos equívocos demoram um pouquinho para aparecer. Aliás, não apreciamos muita a prática de nos avaliarem. Não gostamos nem que olhem pela janelinha de vidro que existe em muitas portas de salas de aula nas quais trabalhamos. Há pessoas que, por exemplo, quando a comunidade começa a legitimamente opinar na escola, ficam irritadas e reagem com o clássico "esse povo não entende nada de educação e fica aí palpitando". Pode-se argumentar que há exagero nessa constatação, mas basta observar amiúde a sala dos professores na hora do intervalo e prestar atenção a algumas das nossas conversas. Está lá, digamos, o professor de uma disciplina qualquer da 7a série que diz assim "esses alunos vêm da 6a série sem saber nada, eles não têm base nenhuma". Na mesma sala está o professor de 6a série que fala "você precisa ver como é que eles vieram da 5a"; grita lá do fundo uma professora da 5a "imaginem como eu os recebi vindo da 4a" e vai-se recuando quase até a vida intra-uterina da criança para achar a responsabilidade. Tem gente que acha que educação é o crime perfeito: só tem vítima, não tem autor. Não é verdade.

Malandro é Malandro e Mané é Mané

Zeca Pagodinho é um intérprete e compositor que canta e encanta na medida em que o seu estilo e suas canções, ao atuarem sobre o imaginário coletivo, possibilitam a reconstrução e o reviver da nostalgia do Rio Antigo, nas primeiras décadas do século XX, ocasião na qual o malandro – enquanto “personagem” - é uma figura típica. Zeca nos remete ao tempo em que o malandro que lesava o “otário” ou o fazia com bons argumentos, contando com a distração daquele ou no máximo com o uso de uma navalha.

A figura-tipo vivenciada por Zeca Pagodinho é a do bom malandro. Ele nos recorda o malandro que só usa a lábia para conseguir sobreviver, que “leva vantagem” sem precisar apelar para arma branca ou qualquer forma de violência física, mas que ao mesmo tempo tem compaixão pelo sofrimento alheio. A identidade social que constrói é a do malandro que ganha do otário, porque otário existe pra dar boa vida para malandro. Na ética da malandragem a culpa não é do malandro, mas do otário que deu mole. Quem mandou ser otário?

No Brasil da pessoalidade e da sensualidade é que o tipo Zeca Pagodinho se criou. Zeca tem a cordialidade que nos caracteriza. Tem a ginga brasileira. E, por isso, o público se identifica com ele, se encanta com ele. Foi a ética do malandro carioca vivida pelo artista Zeca Pagodinho, com imenso talento, que o transformou no símbolo que é. Suas músicas retratam a boemia, a sedução, a conversa mole do malandro para “ganhar” a mulher desejada ou ainda a superioridade do esperto diante do “mané".

E foi pela credibilidade obtida pela imagem que Zeca Pagodinho construiu que uma marca de cerveja o contratou. O “verdadeiro” malandro é alguém capaz de dar o aval a uma marca de cerveja, ajudando-a a torná-la mais vendável. Ao contrário, quem quer fazer seu comercial voltado para conquistar um público tradicional, procura contratar um homem que desfruta do prestígio de ser metódico e disciplinado como, por exemplo, um pastor protestante. O malandro encanta porque nos remete ao mundo lúdico da felicidade. O malandro não tem compromisso, mesmo quando é visto experimentando, jura que não é mais disso, que não perde uma noite à toa e que não trai e nem troca sua patroa.

Dentro deste contexto o malandro experimentou. O malandro “vestiu uma camisa listrada e saiu por aí” (1). Mas, malandro que é malandro, pode ter um amor de verão ou de carnaval, mas pede perdão e volta pra casa arrependido. Este é o contexto da malandragem. É para o arrependimento que existe a quarta-feira de cinzas e toda a quaresma para a penitência.

Mas a publicidade se destina ao consumidor e trata de imaginário. Diversamente do contrato celebrado entre as partes envolvidas (empresa, publicitários, garoto-propaganda). A ética do Direito, regente das relações contratuais, é diferente da ética do malandro.

No Direito não há amor de verão nem de carnaval. O que existe é cumprimento ou descumprimento de contrato. Não há quarta-feira de cinzas para o arrependimento, mas responsabilidade pelos danos causados em decorrência do descumprimento do dever contratual. Não há quaresma para a penitência, mas dever de reparação.

A ética do contrato é a ética do capitalismo. Vigie o princípio e o rigor da forma. Vale o que está escrito. Se o “malandro” manifestou a vontade, pela colocação de sua assinatura no contrato, não há como querer reviver o amor antigo. Está vinculado, por prazo certo, ao dever de não se referir ao antigo amor.

A ética da publicidade, que busca por processos emocionais a intromissão no imaginário, se revela incompatível com a racionalidade da ética do Direito no qual foi estabelecida. Na publicidade o personagem se confunde com a pessoa, mas dela tem que viver separada.

A ética do contrato de publicidade é a ética do capitalismo, onde o profissional não se confunde com o profissional contratado; o jurista não se confunde com o advogado; o jornalista não se confunde com o profissional do jornalismo; o bebedor de uma antiga cerveja, que dá dor de cabeça, não se confunde com o propagandista de uma nova cerveja, que mudou sua fórmula. Mesmo que sejam no real a mesma pessoa. Isto porque, como atores sociais, representam diferentes papéis.

Um notável médico-cirurgião, que não paga impostos, pode continuar a ser um notável profissional. Um Juiz de Direito que tenha igual comportamento, por mais qualificado que seja, não deveria exercer a judicatura. Porque há funções nas quais, mais do que a preparação se exige ética para seu desempenho. De um boêmio a ética que se exige é que seja boêmio. Se mudar perde a morena.

A contratação da capacidade trabalho, por tempo certo, sem que o trabalhador saiba o que vai fazer, implica hoje, também, na possibilidade de contratação da opinião, igualmente, por tempo certo.

Mas, como querer que o malandro se comporte como um pastor protestante, ou ainda, de acordo com a ética do capitalismo? Se fosse e pensasse como um pastor protestante ele seria contratado para alavancar a venda da cerveja? Que público a cervejaria queria conquistar: um público composto por exemplares donos e donas de casa, cumpridores de suas obrigações contratuais, ou um público boêmio? Como querer julgar o malandro por ele ser aquilo que o levou a ser contratado?
O mundo real foi absorvido pelo imaginário. O real é um vírus que ataca o virtual, tal como no filme Matrix.


O malandro foi pego na armadilha da sociedade do espetáculo; no paradoxo na contemporaneidade. É celebridade porque é malandro. Mas, porque é malandro querem condená-lo a deixar de ser célebre.

Zeca, bem vindo ao deserto do real.

Nota:

1 – Verso da música Camisa Listrada, de Assis Valente. “Vestiu uma camisa listrada e saiu por ai / Em vez de tomar chá com torradas / Ele bebeu parati”. O samba se tornou conhecido através da gravação feita por Carmem Miranda, no selo Odeon, em 1937. (MPB/14: 1970apa).

Bibliografia:

Música Popular Brasileira n. 14. Assis Valente. Abril Cultural, 1970.

WEBER, Max. A ética protestante o espírito do capitalismo. São Paulo: Martin Claret, 2002.

A Cegueira

No filme "O homem dos olhos de raios-x", filme B antigo que vi na infância e nunca esqueci, o personagem de Ray Milland descobria uma substância científica (leia-se poção mágica) que ampliava a visão. Experimenta em um pequeno macaco, que enlouquece e morre. Torna-se ele próprio cobaia, e sua visão vai aos poucos atravessando progressivas camadas da realidade. Ao prazer de ver através das roupas femininas se segue a angústia de enxergar apenas esqueletos, depois sequer isto. Ao final do filme, entra cambaleando em uma igreja onde um daqueles pastores americanos típicos prega, e este lhe pergunta o que vê. A resposta: meu olho passa através de tudo, não é parado por nada, até o centro de tudo... e ali está o nada mais terrível. O personagem não quer ver o que vê. O pregador e sua congregação insistem biblicamente: se teu olho te ofende, arranca-o. Ray Milland abaixa a cabeça, e ao levanta-la, na última imagem do filme, o sangue corre de suas órbitas como lágrimas.

Assim como o ver demais anula a visão, a cegueira também pode ser entendida como uma visão a mais, como um mais-de-ver, perigoso, enlouquecedor, tentador e edípico. A pupila do olho é um buraco negro que espelha outra escuridão, aquela de onde viemos, e que nos é proibido devassar mas que fascina. O buraco do nascimento, a partir do qual surgimos para a luz, e o buraco pelo qual esta luz penetra são homólogos em algum ponto do imaginário. Há imagens, como em Ernesto Sábato, da vagina como um olho a ser perfurado, e dos cegos como uma confraria envolta em conspirações maléficas, aqueles a quem é dado acesso à visão do inferno. O terror do mais-de-ver da cegueira faz perfeito sentido. Se quando estamos cegos vemos no inconsciente, o que há para se ver aí?

Sobre Heroes y tumbas

Si fuera un poco más necio podría acaso jactarme de haber confirmado con esas investigaiones la hipótesis que desde muchacho imaginé sobre el mundo de los ciegos, ya que fueron las pesadillas y alucinaciones de mi infancia las que me trajeron la primera revelación. Luego, a medida que fui creciendo, fue acentuándose mi prevención contra esos usurpadores, especie de chantajistas morales que, cosa natural, abundan en los subterráneos, por esa condición que los emparenta con los animales de sangre fría y piel resbaladiza que habitan en cuevas, cavernas, sótanos, viejos pasadizos, caños de desagües, alcantarillas, pozos ciegos, grietas profundas, minas abandonadas con silenciosas filtraciones de agua; y algunos, los más poderosos, en enormes cuevas subterráneas, a veces a centerares de metros de profundidad, como se puede deducir de informes equívocos y reticentes de espeleólogos y buscadores de tesoros; lo suficiente claros, sin embargo, para quienes conocen las amenazas que pesan sobre los que intentan violar el gran secreto

100 Filmes Especiais

01. Cidadão Kane (1941), de Orson Welles
02. O Poderoso Chefão (1972), de Francis Ford Coppola
03. Sindicato de Ladrões (1954), de Elia Kazan
04. Um Corpo Que Cai (1958), Alfred Hitchcock
05. Casablanca (1942), de Michael Curtiz
06. Oito e Meio (1963), de Federico Fellini
07. Lawrence da Arábia (1965), de David Lean
08. A Regra do Jogo (1939), de Jean Renoir
09. O Encouraçado Potemkin (1925), de Sergei Eisenstein
10. Rastros de Ódio (1956), de John Ford
11. Cantando na Chuva (1956), de Gene Kelly e Stanley Donen
12. Crepúsculo dos Deuses (1950), de Billy Wilder
13. Persona (1966), de Ingmar Bergman
14. O Mensageiro do Diabo (1955), de Charles Laughton
15. 2001 – Uma Odisséia no Espaço (1968), de Stanley Kubrick
16. Os Sete Samurais (1954), de Akira Kurosawa
17. O Leopardo (1963), de Luchino Visconti
18. Taxi Driver (1976), de Martin Scorsese
19. Era uma Vez em Tóquio (1953), de Yasujiro Ozu
20. Fitzcarraldo (1982), de Werner Herzog
21. Acossado (1959), de Jean-Luc Godard
22. Jules e Jim (1962), de François Truffaut
23. O Conformista (1970), de Bernardo Bertolucci
24. Em Busca do Ouro (1925), de Charles Chaplin
25. Metrópolis (1926), de Fritz Lang
26. O Sétimo Selo (1956), de Ingmar Bergman
27. A Aventura (1960), de Michelangelo Antonioni
28. Amarcord (1973), de Federico Fellini
29. Viridiana (1961), de Luis Buñuel
30. Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (1977), de Woody Allen
31. O Nascimento de uma Nação (1915), de D. W. Griffith
32. Apocalypse Now (1979), de Francis Ford Coppola
33. Era uma Vez no Oeste (1968), de Sérgio Leone
34. Assim Caminha a Humanidade (1956), de George Stevens
35. Psicose (1960), de Alfred Hitchcock
36. O Martírio de Joana D’Arc (1928)
37. Touro Indomável (1980), de Martin Scorsese
38. Olympia (1938), de Leni Riefenstahl
39. O Falcão Maltês (1941), de John Huston
40. Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964), de Glauber Rocha
41. Dr. Fantástico (1964), de Stanley Kubrick
42. Roma, Cidade Aberta (1945), de Roberto Rossellini
43. A Doce Vida (1960), de Federico Fellini
44. Chinatown (1974), de Roman Polanski
45. A Felicidade Não se Compra (1946), de Frank Capra
46. …E o Vento Levou (1939), de Victor Fleming
47. Tempos Modernos (1936), de Charles Chaplin
48. A Um Passo da Eternidade (1953), de Fred Zinnermann
49. O Sacrifício (1986), de Andrei Tartovski
50. Laranja Mecânica (1971), de Stanley Kubrick
51. A General (1927), de Buster Keaton
52. O Homem Elefante (1980), de David Lynch
53. O Mágico de Oz (1939), de Victor Fleming
54. Querelle (1982), de Rainer Werner Fassbinder
55. A Primeira Noite de um Homem (1967), de Mike Nichols
56. Morte em Veneza (1971), de Luchino Visconti
57. A Última Sessão de Cinema (1971), de Peter Bogdanovich
58. Os Bons Companheiros (1990), de Martin Scorsese
59. Blade Runner – O Caçador de Andróides (1982), de Ridley Scott
60. A Malvada (1950), de Joseph L. Mankiewicz61. Nosferatu (1922), de Friedrich W. Murnau
62. O Último Tango em Paris (1972), de Bernardo Bertolucci
63. Ladrões de Bicicleta (1948), de Vittorio de Sica
64. Asas do Desejo (1987), de Wim Wenders
65. Pulp Fiction – Tempo de Violência (1994), de Quentin Tarantino
66. Repulsa ao Sexo (1965), de Roman Polanski
67. Crimes e Pecados (1989), de Woody Allen
68. Uma Rua Chamada Pecado (1951), de Elia Kazan
69. Butch Cassidy e Sundance Kid (1969), de George Roy Hill
70. Os Imperdoáveis (1992), de Clint Eastwood
71. Patton – Rebelde ou Herói? (1969), de Franklin J. Schaffner
72. Tudo Sobre Minha Mãe (1999), de Pedro Almodóvar
73. Um Lugar ao Sol (1951), de George Stevens
74. Um Estranho no Ninho (1975), de Milos Forman
75. Amor à Flor da Pele (2000), de Wong Kar-Wai
76. Hiroshima, Meu Amor (1959), de Alain Resnais
77. Kaos (1984), de Irmaõs Taviani
78. Brazil, O Filme (1985), de Terry Gilliam
79. Quanto Mais Quente Melhor (1956), de Billy Wilder
80. Cidade de Deus (2002), de Fernando Meirelles
81. Os Homens Preferem as Loiras (1953), de Howard Hanks
82. Um Cão Andaluz (1928), Luis Buñuel
83. Los Angeles – Cidade Proibida (1997), de Curtis Hanson
84. Pixote – A Lei do Mais Fraco (1981), de Hector Babenco
85. Ben-Hur (1959), de William Wyler86. Fantasia (1940), de Walt Disney
87. Sem Destino (1969), de Dennis Hopper e Peter Fonda
88. Dogville (2003), de Lars Von Trier
89. O Império dos Sentidos (1976), de Nagisa Oshima
90. Um Convidado Bem Trapalhão (1968), de Blake Edwards
91. A Lista de Schindler (1993), de Steven Spielberg
92. Guerra nas Estrelas (1977), de George Lucas93. O Pântano (2000), de Lucrecia Martel
94. Cabaré (1972), de Bob Fosse
95. Operação França (1971), de William Friedkin
96. King Kong (1933), de Merian C. Cooper e Ernest B. Schoedsack
97. As Invasões Bárbaras (2003), de Denys Arcand
98. Fargo (1996), de Joel e Ethan Cohen
99. M.A.S.H. (1970), de Robert Altman
100. Lavoura Arcaica (2001), de Luiz Fernando Carvalho

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Lembranças...

A biblioteca era o lugar mais deprimente que eu freqüentava. Tinha ficado sem livros para ler. Depois de um tempo, eu pegava um livro grosso e ficava olhando para uma garota jovem nas proximidades. Sempre havia uma ou duas delas. Sentava-me a uma distância de três ou quatro cadeiras, fingindo ler o livro, tentando parecer inteligente, esperando que alguma garota me notasse. Eu sabia que era feio, mas achava que se parecesse suficientemente inteligente talvez tivesse uma chance. Nunca funcionou. As garotas apenas faziam notas em seus cadernos e então se erguiam e iam embora enquanto eu olhava seus corpos se moverem de maneira ritmada e mágica debaixo de seus vestidos limpos. O que Máximo Górki teria feito sob essas circunstâncias?