sábado, 30 de julho de 2011

Não Espere a Prmavera Bandini

Nunca pensei que eu fosse escrever isso em toda minha vida: um livro de John Fante é o pior livro que eu já li. "Espere a primavera, Bandini" é um arrazoado de personagens fracos, clichês arrasados, desejos idiotas e macaquices ítalo-americanas como nunca se viu na literatura do gênero.

Não é o mesmo Fante de "Pergunte ao Pó", "A Oeste de Roma" e "1933 foi um ano ruim". Neste péssimo livro com historinhas de família, Fante muda o narrador o tempo todo, causando cansaço no leitor. Ora é o ponto de vista - sempre em terceira pessoa - da mamma chatérrima, carola, sem inspiração, sempre às voltas com rezas, terços e auto-comiseração, ora é o ponto de vista do insuportável Arturo Bandini, visão de criança do personagem que aparece (melhorado) em "Pergunte ao Pó". Ah, claro, tem também o pedreiro Svevo Bandini, pai de Arturo, com seus charutos vagabundos e seu estômago sempre roncando.

A primeira metade do livro se perde em divagações chatas, morosas, de Arturo Bandini. Ele tem coleguinhas de classe sem graça, é apaixonado por uma Rosa Pinelli que não merece amor nem da própria mãe, e ainda tem sonhos ridículos como o de ser um astro do beisebol.

Muitas páginas se passam falando das refeições deles, dos pentelhos August e Federico (irmãos de Arturo), das rezas de Maria (mãe de Arturo), até que o papa Svevo conhece uma viúva rica e por causa disso tem o rosto arranhado pela esposa na noite de Natal.

O final lindo e triste de "Pergunte ao pó" não aparece aqui. O que vai em "Espere a Primavera Bandini" é uma sacal dissertação sobre um cachorro que Arturo adota. Claro, não aparecem cachorros em nenhuma parte do livro, a não ser nas últimas cinco páginas, em que obviamente é mencionado que "toda hora Arturo tentava levar cachorros para casa".

Nada em "Espere a primavera, Bandini" é atraente. A religiosidade falsa de Arturo, o fervor católico de Maria, o amigo farrista de Svevo, o filho carola Federico, o filho sem-personalidade August, o sonhador chato Arturo, enfim, tudo é desinteressante, sem conflito, sem drama. Na verdade, há conflitos, mas são preguiçosos e sem empatia. Como se tudo se passasse - como realmente se passa - em um longo inverno, um longo inverno sem atrativos e em modorrenta hibernação.

Se você gosta de John Fante, não leia "Espere a primavera, Bandini"

Nenhum comentário:

Postar um comentário