sábado, 13 de agosto de 2011

Minha Bela Putana


Onde você quer ficar?
Ficou olhando o vazio. Quando atingimos a Afonso Pena, agitou os cabelos e
deu o endereço. Uma boate vadia. Subimos pela Rua da Bahia. Ia encolhida no
assento como se estivesse sentindo frio. Perguntei se não seria melhor ficar
em casa, eram quase cinco da manhã. Sacudiu os ombros.
Parei o carro bem na porta da boate. Antes de descer, ela falou:
Vai me deixar aqui sozinha?
Repeti que precisava ir. Bateu a porta com força e, com seu vestido de
índia, caminhou resolutamente para dentro da boate.
Segui pela Cristóvão Colombo, e logo adiante o novo dia começava a rastejar
atrás da serra. Eu pensava na mulher dentro daquele vestido de índia.
Pensava nela toda e dizia pra mim mesmo vai embora vai embora. Dei a volta
no primeiro cruzamento.
A boate estava vazia e tinha o aspecto gasto e melancólico do fim de noite.
Encontrei-a conversando com um idiota no balcão. Assustou quando me viu e
largou o cara na mesma hora. Atravessou a pista de dança com o andar
silvestre de uma gazela.
Não quero que você queime esse vestido – falei.

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