sábado, 16 de maio de 2009

Morrissey ..... Bona Drag


Bona Drag é pra mim o melhor cd solo do Morrissey. Quase todas as músicas são excelentes e há nele aquele sentimento de tristeza e solidão que tanto me encanta não somente na música, como também na literatura, nas pinturas, nos filmes etc.

A primeira música é Piccadilly Palare. “Fora dos trilhos eu estava e fora dos trilhos eu estava feliz em estar”. Dessa forma se inicia o álbum. Para mim passa um pouco a idéia de que estar fora dos locais óbvios, bem visados, não é algo ruim, desde que a pessoa consiga fazer daquilo algo positivo. Na minha visão, na música, ele faz uma pequena comparação entre a amizade e o comércio, definindo seu papel como um “peixe pequeno”, mas uma compra relativamente boa. E ela termina de maneira brilhante com os seguintes versos: “... chora quando pensa em todas as batalhas que lutou (e perdeu). Isso tudo pode acabar amanhã ou pode continuar para sempre...”.

Em seguida vem Interesting Drug (Droga interessante). Pela citação de um esquema governamental, entendo que quando ele fala que “há algumas pessoas más lá em cima”, fala sobre as pessoas de maiores cargos no governo. O casal jovem em débito e as frases “uma vez pobre – sempre pobre” e “droga interessante ... fala a verdade, ela te ajudou mesmo” indicam no meu ponto de visto a busca pelo alivio após constatar o descaso das pessoas que deveriam lhes ajudar, encontrando conforto na droga interessante, não citada qual na música, para continuar seguindo apesar do desalento.

Só o clipe de November Spawned a Monster (Novembro gerou um monstro) já valeria o título de uma das músicas mais conhecidas do Morrissey tanto na época do The Smiths como o período posterior. “Durma e sonhe com o Amor, porque isso é o mais perto que você vai chegar dele” é a típica frase que pode levar alguém a cometer um suicídio. Mas fingindo que o clipe da música não é o marco que é, vemos na letra que essa é uma das letras mais tristes e belas do Morrissey. “Pobre criança retorcida. Tão feia, tão feia. Ah me abrace, ah me abrace.”, “Mas Jesus me criou. Então Jesus, salve-me de pena, compaixão e pessoas comentando sobre mim”, “O que pode tornar bom todo o mau que já foi feito?”. Não é preciso dizer mais nada...

Em Will Never Marry (Nunca vou me casar) ele diz: “Estou escrevendo isso para dizer de um modo gentil: obrigado, mas não vou viver minha vida como, sem dúvida, vou morrer – sozinho. Estou escrevendo isso para dizer de um modo gentil: obrigado... vou viver minha vida como eu... pois se você ficar ou se você me abandonar, uma culpa infundada te alcança. E como ela retorna a sua casa às 5 da manhã, te acorda e ri na sua cara.”. Autch!

Com Such a Little Thing Makes Such a Big Diference (Uma coisa tão pequena faz uma diferença tão grande), Morrissey fala sobre como uma pequena mudança como a de um tom de voz, de uma cortesia mesmo que desajeitada, podem fazer uma diferença tão grande. Mas no meio da música pra lá ele mostra que as pessoas não querem mudar. “Eu não vou mudar e eu não vou ser legal”, “a maioria das pessoas mantém seus cérebros entre as pernas”. E por fim a desilusão: “Deixem-me em paz, eu estava só cantando”.

Em The Last of the Famous International Playboys (O último dos famosos playboys internacionais), eu não sei de quem se trata Ronnie Kray e tô com preguiça de ir ao google procurar. Depois de saber quem é esse cidadão, se é que ele realmente existe, e porque o personagem da música chega a matar, apenas para chamar a atenção dele. Talvez depois eu procure.

Ouija Board, Ouija Board (aquela tábua em que se faz a brincadeira do copo), é o nome da sétima música do álbum. Através do jogo, ele pede a ajuda do jogo para falar com uma amiga que “já partiu deste planeta infeliz”. Há tristeza na letra por ser dito, numa típica frase de Morrissey, “daria pra você me ajudar? Porque eu simplesmente não consigo encontrar meu lugar neste mundo”. E o que dizer quando até mesmo nisso se é rejeitado? “o copo está se movendo. Não , eu não estava empurrando dessa vez. Ele soletra S T E V E N... S A I F O R A”. Steven é o primeiro nome do Morrissey.

Eu simplesmente não sei o que pensar da letra de Hairdresser on Fire (Cabeleireiro pegando fogo), não sei se há algum sentido por trás do que é dito, eu só sei que simplesmente não entendo nada.

Everyday Like is Sunday (Todo dia é como domingo) é uma das músicas mais queridas por mim da sua carreira solo, não pelo fato de às vezes eu concordar com o título da música, mas sua melodia e a penúria da voz passa algo triste mais esperançoso ao mesmo tempo. “Todo dia é como domingo. Todo dia é silencioso e frio”. A súplica pela queda de uma bomba que acabe com o sofrimento é encantador quando unida com a melodia.

He Knows I’d Love To See Him (Ele sabe que eu adoraria vê-lo) é décima do álbum. Eu também não entendo nada dessa também. Então deixa pra lá.

Em seguida tem Yes, I’m blind (É, eu sou cego). “É, eu sou cego. Não, eu não consigo ver as coisa boas, só as coisas ruins... Deve haver algo errado comigo”, “Porque, ao meu modo lamentável, eu te amo”.

Depois há Lucky Lisp (Ceceado da sorte). A admiração pelo ídolo se reflete nas primeiras frases. Ele diz que dá gritos de admiração para aquele que gorjea no balcão. Se é algo verídico, se ele fez isso pra alguém, eu não sei. Mas o que aparenta é que eles estão em um lugar simples, em nada tão grande, como se fosse um início de carreira ainda. Então ele pergunta: “Quando seu nome estiver entre os melhores, meu nome estará na sua lista de convidados?”. Aparentemente não. Pois ele diz: “Eu vou me esgoelar da platéia. Ah, o bobo do camarote era eu, seu bobo”.

Suedehead (Cabeça de camurça) é não só a música mais conhecida da carreira solo do Morrissey, como também é provavelmente a mais bonita. A angústia de ter alguém que você ama mas que não quer mais ao seu lado é transmitida aqui. A dor sentida porque a pessoa insiste em continuar perto de você quando você gostaria que ela estivesse longe, é imensa. “Porque você vem aqui quando sabe que isso torna as coisas mais difíceis para mim? Porque você vem? Porque você telefona? Eu sinto muito, eu sinto muito... Você tinha que se infiltrar no meu quarto ‘apenas’ para ler meu diário. Foi só pra ver todas as coisas que você sabia que eu tinha escrito sobre você? E... tantas ilustrações...”

A última música é Disappointed (Desapontado). “Nosso amigo insone pega a mensagem em mau-tempo: ‘todos os meus amigos e os meus inimigos prefeririam morrer a ter que tocar”. “Garota um dia você vai estar velha. Mas a questão é: eu te amo agora”.

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