“Não dá para aceitar que professores arrogantemente coloquem apenas no aluno responsabilidade pelo fracasso escolar” Mario Sergio Cortella
Existem grandes e sérios problemas na educação no nosso país, no campo público ou privado. De quem é a culpa? Não é incomum encontrarmos gente entre nós que diz tranqüilamente: dos alunos. Justificamos, com freqüência, as nossas eventuais incompetências acusando os alunos. Aliás, no nosso país ainda são usuais muitos atribuírem a responsabilidade do fracasso escolar ao aluno. Seria a mesma coisa que na área hospitalar atribuir o fracasso aos pacientes. Já viu quando, ao sair de alguma turma, um professor entra na nossa sala e diz assim: "Aquela turma lá, dos 40 alunos, 20 vão ficar, para eles verem o que é bom." Já imaginou que loucura alguém que avalia a qualidade do que faz pelo fracasso que obtém? Já imaginou isso na sala de descanso dos médicos em um hospital qualquer, eles conversando "aqueles pacientes lá da UTI, dos 20, 10 vão morrer, eles vão ver o que é bom"? Quantas vezes algum colega nosso vira e diz que "os alunos de hoje não são mais os mesmos"? Aliás, trata-se de uma informação absolutamente óbvia – alguém que diz uma coisa dessas está demonstrando pelo menos um mínimo de sanidade.
Distúrbio de fato é alguém que diz isso e continua dando aula do mesmo jeito que dava há dez anos, ou há 20 anos, porque se o professor sabe que os alunos não são os mesmos como é que continua fazendo do mesmo jeito? Vez ou outra obscurece as nossas dificuldades, até fingindo uma competência exemplar, mas há muita fragilidade a corrigir. A questão é que nem sempre isso vem à tona, pois a nossa atividade avalia muito, mas é pouco avaliada; nossos equívocos demoram um pouquinho para aparecer. Aliás, não apreciamos muita a prática de nos avaliarem. Não gostamos nem que olhem pela janelinha de vidro que existe em muitas portas de salas de aula nas quais trabalhamos. Há pessoas que, por exemplo, quando a comunidade começa a legitimamente opinar na escola, ficam irritadas e reagem com o clássico "esse povo não entende nada de educação e fica aí palpitando". Pode-se argumentar que há exagero nessa constatação, mas basta observar amiúde a sala dos professores na hora do intervalo e prestar atenção a algumas das nossas conversas. Está lá, digamos, o professor de uma disciplina qualquer da 7a série que diz assim "esses alunos vêm da 6a série sem saber nada, eles não têm base nenhuma". Na mesma sala está o professor de 6a série que fala "você precisa ver como é que eles vieram da 5a"; grita lá do fundo uma professora da 5a "imaginem como eu os recebi vindo da 4a" e vai-se recuando quase até a vida intra-uterina da criança para achar a responsabilidade. Tem gente que acha que educação é o crime perfeito: só tem vítima, não tem autor. Não é verdade.
Existem grandes e sérios problemas na educação no nosso país, no campo público ou privado. De quem é a culpa? Não é incomum encontrarmos gente entre nós que diz tranqüilamente: dos alunos. Justificamos, com freqüência, as nossas eventuais incompetências acusando os alunos. Aliás, no nosso país ainda são usuais muitos atribuírem a responsabilidade do fracasso escolar ao aluno. Seria a mesma coisa que na área hospitalar atribuir o fracasso aos pacientes. Já viu quando, ao sair de alguma turma, um professor entra na nossa sala e diz assim: "Aquela turma lá, dos 40 alunos, 20 vão ficar, para eles verem o que é bom." Já imaginou que loucura alguém que avalia a qualidade do que faz pelo fracasso que obtém? Já imaginou isso na sala de descanso dos médicos em um hospital qualquer, eles conversando "aqueles pacientes lá da UTI, dos 20, 10 vão morrer, eles vão ver o que é bom"? Quantas vezes algum colega nosso vira e diz que "os alunos de hoje não são mais os mesmos"? Aliás, trata-se de uma informação absolutamente óbvia – alguém que diz uma coisa dessas está demonstrando pelo menos um mínimo de sanidade.
Distúrbio de fato é alguém que diz isso e continua dando aula do mesmo jeito que dava há dez anos, ou há 20 anos, porque se o professor sabe que os alunos não são os mesmos como é que continua fazendo do mesmo jeito? Vez ou outra obscurece as nossas dificuldades, até fingindo uma competência exemplar, mas há muita fragilidade a corrigir. A questão é que nem sempre isso vem à tona, pois a nossa atividade avalia muito, mas é pouco avaliada; nossos equívocos demoram um pouquinho para aparecer. Aliás, não apreciamos muita a prática de nos avaliarem. Não gostamos nem que olhem pela janelinha de vidro que existe em muitas portas de salas de aula nas quais trabalhamos. Há pessoas que, por exemplo, quando a comunidade começa a legitimamente opinar na escola, ficam irritadas e reagem com o clássico "esse povo não entende nada de educação e fica aí palpitando". Pode-se argumentar que há exagero nessa constatação, mas basta observar amiúde a sala dos professores na hora do intervalo e prestar atenção a algumas das nossas conversas. Está lá, digamos, o professor de uma disciplina qualquer da 7a série que diz assim "esses alunos vêm da 6a série sem saber nada, eles não têm base nenhuma". Na mesma sala está o professor de 6a série que fala "você precisa ver como é que eles vieram da 5a"; grita lá do fundo uma professora da 5a "imaginem como eu os recebi vindo da 4a" e vai-se recuando quase até a vida intra-uterina da criança para achar a responsabilidade. Tem gente que acha que educação é o crime perfeito: só tem vítima, não tem autor. Não é verdade.
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